4:6:0 / FUTEBOL ARTE
O futebol das ultimas duas décadas apresenta um panorama fortemente influenciado pela parte física. Hoje o jogo acontece em um nível mais intenso e “pegado”, como se diz na gíria, ocasionando partidas com um volume gráfico de registro muito maior do que uma partida da década de 1950, por exemplo.
O futebol é sempre uma surpresa. Por mais que partidas tenham o mesmo placar final, há sempre como resultado um gráfico de movimentação peculiar e diferente. O jogo de futebol possui um elemento lúdico que agrega aquilo que costuma se chamar “Clima” (que envolve torcida, imprensa, temperatura ambiente, fórmula de disputa), que parece infinito. O jogo é uma variação eterna sobre uma mesma estrutura elementar. Um jogo nunca termina.
Poderia dizer que cada atleta é um desenho no espaço e que o jogo pode ser uma guerra, mas também pode ser um sonho.
Há atletas que possuem uma dimensão particular. Controlam o tempo, subvertem a gravidade e se apropriam do espaço.
O futebol, como qualquer outro elemento da cultura e da arte está profundamente enraizado na dimensão de sua época, sendo pertencente à realidade técnica e científica e a todas as mentalidades inscritas na cultura humana.
O futebol da década de 1960 possui um caráter lúdico peculiar. Garrincha não jogava: ele brincava. Para ele, o “Anjo das Pernas Tortas”, entortar zagueiros, chegar a linha de fundo e cruzar era uma brincadeira, um feliz bater asas de um beija–flor.
Para Ronaldo “Fenômeno”, o jogo era a velocidade e a eficiência. No auge da forma, ele atravessava 50, 60 metros do gramado em 10, 15 segundos driblando adversários em velocidade. Seu apelido se deve a essa capacidade extraordinária e potência física aliada aos conhecimentos da medicina esportiva, que apresentaram como efeito colateral o rompimento dos tendões do joelho, que não suportaram a potência das arrancadas e os giros com a bola.
As diferenças estão profundamente relacionadas às transformações da cultura, que é o que dá forma ao jogo. Ronaldo Fenômeno não aconteceria em 1960, assim como Garrincha não jogaria a Copa de 2006.
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